"De cada vez que estão a insultar uma pessoa, estão a insultar uma família"
- José Silva Brás
- 3 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de jun. de 2021
AMPLOS | Sui Generis
O segundo episódio do podcast Sui Generis recebeu Manuela Ferreira, presidente da AMPLOS, uma associação de apoio direto à família de pessoas LGBTQI+ e formação sobre as várias questões de identidade de género, nas escolas, e especial foco nas questões do acesso à saúde pela pessoas transgénero e não-binárias e política.
O podcast pode ser ouvido no Anchor.fm e no Souncloud, a partir de hoje.
Isto não é uma fase, não é uma mania, não é uma moda". É desta forma que Manuela percebe a falta de apoio à pessoa transgénero, no acesso às consultas de redesignação, ao relembrar experiências e desabafos que ouve de famílias, nas reuniões quinzenais da associação; para assinar um papel "chega a demorar 2 meses", estendendo o prazo até aos 4 meses no caso da consulta, acrescenta.
À semelhança do GAT, com o qual o Sui Generis falou no último podcast, a AMPLOS não tem valências clínicas que cubram todas as necessidades que lhes chega, o que leva Manuela a sublinhar a importância do apoio psicológico, a qual a AMPLOS redireciona para parceiros como são a ILGA, a Casa Qui ou o Plano i, no Porto.
Ainda que estas questões de saúde sejam, agora, o principal foco da associação de famílias, o grupo divide-se em várias atividades. Em 2019, fizeram parte da força associativa que alcançou o despacho de transição social nas escolas ou o despacho das casas de banho como ficou conhecido, ainda que a grande parte da sua importância resida no conforto que "a pessoa sente ao ser reconhecida pelo nome que se auto-atribui", refere Manuela.
Desde a implementação da lei, a AMPLOS não tem conhecimento de casos complexos nas escolas, mas disponibiliza a informação necessária quer através de formações a alunos e educadores, onde sublinha problemas como o bullying e a descriminação, quer através de conversas informais com pessoas mais resistentes à mudança - "aquilo não é para pedir, é para fazer!" reitera Manuela.
A AMPLOS é uma associação com 12 anos de existência, 11 desde que Manuela e a primeira família com filhe transgénero entraram, direcionada a pares. Como um centro de ajuda, as reuniões funcionam de 2 em 2 semanas, agora através dos meios eletrónicos, mas com o desejo de voltar ao presencial, brevemente.
Deixar as reuniões online, contudo, não é opção uma vez que, desde o início da pandemia (em março de 2020), as reuniões acolhem, em média, 3 a 4 famílias novas - "cada vez mais, com filhes mais novos", sublinha Manuela.
Com núcleos no Porto e em Lisboa, os objetivos da AMPLOS, para 2022, são aumentar o número de famílias associadas, lançar 3 guias de apoio a famílias de pessoas transgénero, famílias de pessoas LGBTGI+ e às comunidades, mantendo o foco nas questões do acesso à saúde, através da intervenção política.
Manuela crê que a geração atual seja mais tolerante, mas ainda há pessoas que precisam de pensar neste assuntos - "de cada vez que estão a insultar uma pessoa, estão a insultar uma família", diz.
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